domingo, 21 de junho de 2009

Salto alto

É bonito e deixa a mulher elegante. Mas saiba que ele altera a passada normal na caminhada e ainda é um vilão para pés, pernas e coluna
Por Redação O2A elegância feminina está praticamente associada com a expressão “subir no salto”. Mas como quase tudo na vida de uma mulher preocupada com a aparência, ficar com as pernas bonitas e a postura mais alinhada tem seu preço. “O uso excessivo causa um encurtamento do Tendão de Aquiles e da musculatura isquiotibial”, explicou o dr. José Marques Neto, especialista em ortopedia e traumatologia e pós-graduado em fisiologia do exercício. Além disso, o aparecimento de joanetes e dedos em garras também é comum em mulheres que abusam dos saltos.Esses efeitos atingem diretamente a vida da mulher corredora, uma vez que o Tendão de Aquiles é o ligamento que reveste o calcanhar. Já a musculatura isquiotibial é aquela que vai da coluna lombar ao pé, ou seja, ambos são muito exigidos durante a corrida. “Entre os problemas que um corredor pode ter estão: dores no pé, rigidez na planta dos pés e perda da capacidade do movimento de propulsão”, falou o especialista.Em contrapartida, aquelas que praticam corrida rotineiramente têm menos chances de apresentar esses problemas. De acordo com a ortopedista especialista em pé e tornozelo Cibele Réssio, da Unifesp, quem pratica atividades físicas de impacto constantemente tem tendões, ligamentos e ossos muito mais resistentes a eventuais lesões. “Esses exercícios induzem à produção de massa óssea e aumentam a resistência da estrutura do esqueleto. Além disso, melhoram a vascularização nos tendões e na membrana que recobre o osso”, falou.Outra vantagem das corredoras em relação às sedentárias é a rotina de alongamentos, que são os exercícios mais indicados para evitar dores e relaxar a musculatura. “Vale dar uma atenção maior ao músculo posterior da coxa e aos isquiotibiais da perna e do pé na hora de alongar”, falou Cibele.Joelhos e coluna também sofremA principal articulação do corpo também tem prejuízo com o uso constante desse tipo de calçado. “O calcanhar elevado pelo salto faz com que a mulher ande com os joelhos mais dobrados. Essa mudança traz uma sobrecarga na região logo abaixo da patela, o que pode causar uma rachadura na cartilagem, chamada condromalácia, ou até mesmo tendinite patelar, uma inflamação dos tendões dessa região”, explicou Ari Zekcer, ortopedista, cirurgião de joelho e médico do esporte pala Unifesp.Além dos joelhos, as mulheres podem ainda apresentar problemas de postura por atingir diretamente a coluna. “A retração de toda a cadeia muscular posterior pode gerar um aumento da lordose lombar”, alertou José Marques Neto.Altura idealA ortopedista Cibele Réssio realizou testes para analisar 400 passos de dez mulheres descalças e com saltos de 3 cm a 9,6 cm, para descobrir as alterações causadas na marcha. A conclusão foi que todos os saltos são maléficos. “Acima dos 3 cm, os saltos trazem os mesmos problemas que os de 9 ou 10 cm”, afirmou.O ortopedista Ricardo Munir Nahas concorda com a tese de que o desnível entre a parte da frente do pé e o calcanhar não pode passar de 3 cm. “Aquelas que usam saltos diariamente devem preferir os chamados anabela”, indicou. “Até mesmo as plataformas, que distribuem melhor a pressão na planta do pé, devem deixar a sola mais paralela ao chão possível”, sugeriu Cibele Réssio.Apaixonada por salto e pela corridaCarolina Kauffmann sempre usou saltos muito altos. Aos 16 anos trabalhava em uma boutique e ficava mais de seis horas em pé sobre eles. Aos 22 anos, começou a praticar corrida e não passava de meia hora de exercício. Mas foi no momento em que resolveu treinar mais forte que todo o tempo em cima dos saltos fez a diferença. “Comecei a sentir muitas dores no joanete, que me impossibilitavam de correr”, contou.Além de gostar de usar os saltos, Carolina é design de sapatos e sempre foi muito ligada a moda. Mas quando precisou ficar três meses fora das pistas percebeu que a paixão pela corrida era maior. “Por causa da inflamação no joanete não pude participar da Meia do Rio. Por isso, tive que praticamente abolir o uso desses sapatos”, falou a corredora de 34 anos. Atualmente, ela usa saltos apenas aos fins de semana, mas evita em períodos pré-prova, e faz fisioterapia semanalmente para aliviar a tensão nos tendões e musculatura da perna. “Tive um problema de pisada, por jogar o peso do corpo para um lado só. O que gerou uma fratura por estresse na tíbia também”, contou. Mas ela superou o problema e está treinando para a Meia do Rio deste ano, que será realizada em 12 de outubro. “Trabalho com moda e existem alguns protocolos sobre o uso de saltos que precisei quebrar por causa da minha paixão pela corrida”, completou.

OS SETE ERROS MAIS COMUNS NA CORRIDA

Corra do jeito certo
Especialistas apontam os sete erros mais comuns de quem curte correr. Saiba como evitá-los.
1. Fugir dos exames: “O principal erro é começar a correr de qualquer jeito”, afirma o treinador Alexandre Maximiliano. O sedentário que começa e mesmo o corredor parado que volta deve passar pelos mesmos procedimentos.
2. Não variar o treino: o ganho de condicionamento é resultado da adaptação do corpo ao estresse imposto. Para que exista evolução, é preciso uma contínua carga de estresse e estímulo. “Sem variação não há evolução. Quem faz sempre o mesmo treino chega a um nível de condicionamento e ali fica”, explica o técnico Renato Dutra.
3. Não encarar os pontos fracos: é humana a preferência por atividade nas quais as pessoas se sentem mais confortáveis. Por isso, não são raros corredores que “cabulam” os treinos de velocidade porque não se saem bem neles, ou triatletas que por terem na natação sua pior disciplina só encaram a piscina uma vez por semana.
4. Não ter um objetivo ou ter um inatingível: sem um objetivo, o entusiasmo para treinar e competir acaba esmorecendo. “Não precisa ser uma competição. Pode ser um objetivo estético ou o ganho de saúde”, exemplifica a treinadora Cristina de Carvalho. “Tem muita gente que começa achando que vai ser igual ao (queniano) Paul Tergat, mas acaba desestimulada e desiste”, diz Alexandre Maximiliano.
5. Treinar e competir excessivamente: a virtude está no meio; tudo que é em excesso dura pouco. Treinar muito, sem respeitar os descansos necessários para a recuperação do corpo, pode trazer lesões, overtraining, queda de rendimento e desmotivação.
6. Insistir em correr lesionado: pequenas lesões fazem parte da vida de quem quer superar limites. O problema é não tratá-las corretamente ou voltar aos treinos antes que estejam curadas. O risco é agravar o quadro ou torná-lo crônico.
7. Largar muito forte: tanto faz se é uma prova ou um treino importante. Quem começa em um ritmo muito forte está arriscado a ficar com os músculos tão cheios de ácido lático que não chegará ao final.

MULHERADA NA TRACK FIELD( tirando uma casquinha do Wilian)