domingo, 25 de abril de 2010

Marli, aluna do Corra! Ela tem a força!


Correr nunca havia sido prioridade para mim, até que mudamos de Curitiba para Brasília no inicio de 1995. Talvez influenciada pelo clima quente e seco, maravilhoso para quem veio do sul, ou pela exuberância do Parque da Cidade, ou ainda pelo numero de pessoas que eu via correr, comecei a caminhar e, às vezes, iniciar pequenas corridas, a principio intercaladas, posteriormente um pouco maiores, mas sem a persistência e a disciplina, que caracterizam os amantes das corridas de rua. Caminhava e corria, ou melhor, tentava correr, principalmente nos finais de semana.
As coisas continuaram dessa forma, até que em 1998 tive diagnosticado um câncer de mama. As pessoas que passaram por tal situação sabem que os sentimentos são bastante contraditórios. Ao mesmo tempo em que a pessoa luta para vencer o mau, ela tem que lutar também para afastar o pessimismo, a depressão, os questionamentos inerentes a tais situações etc. A longa e dolorosa jornada pela qual tive que passar estava apenas iniciando, mas à cada etapa eu podia ver claramente a presença de Deus ao meu lado e tive condições de dar o testemunho do que Ele estava operando em minha vida. Passei por 5 cirurgias durante o aquele ano, seguidas de 33 sessões de radioterapia. Não sei como seria passar por tudo isso, se não fosse apoiada no tripé que me manteve de pé. A minha fé, que me dava a certeza da cura, pois sentia a presença de Jesus em todos os momentos me carregando no colo,a minha família e amigos que foram o meu suporte, e o meu marido que foi meu porto seguro vivendo comigo todo o processo.
Em 1999, quando encerrei aquele processo do tratamento, decidi que o exercício físico teria prioridade na minha vida, e dentre eles a corrida seria o carro-chefe. Meu marido brincava que não conhecia nenhum maratonista com depressão, logo devia ser uma coisa boa. Comecei a correr no Parque da Cidade três vezes por semana, fazia musculação e aparelhos na academia e sempre aos domingos, corria no Eixão. As corridas no parque eram para mim uma terapia, o contato com a natureza, o momento de reflexão e oração, e pude colher um resultado maravilhoso, pois além de ajudar a perder peso, a minha qualidade de vida melhorou muito, o que refletiu em sono melhor, sensação de bem estar, de satisfação, se tornando uma válvula de escape para todos os pensamentos ruins.
Participei de algumas provas de 5 km e depois comecei a encarar as provas de 10 km, com o incentivo do meu marido. Cheguei a participar de uma meia maratona em Brasília, em junho de 2006. mas como não tinha tido um treino orientado, cansei muito e fiz em um tempo muito alto, cerca de duas horas e meia, e confesso que só terminei, porque meu marido estava comigo e não me deixou desanimar.
Como a vida é uma caixinha de surpresa, nem sempre de agradáveis surpresas, oito anos depois de vencer o tumor maligno, em meados de 2006, descobri novamente outro câncer, na mesma mama, exatamente no pedacinho que lá ficou, depois da mastectomia de 1998. Infelizmente tive que enfrentar tudo de novo. Mas, como da primeira vez, consegui superar e dar a volta por cima, graças novamente àquele tripé já mencionado. Recebi, mais uma vez, sinais claros da presença de Deus em minha vida, e pude perceber, cada vez, mais a existência de um plano especial para mim por Ele definida. Não me canso de dar o testemunho do poder e da misericórdia de Dele.
E assim aconteceu. Consegui vencer o câncer novamente e ficar curada e, assim virei mais uma pagina na minha vida. Mas como tudo na vida tem o seu preço, tive que interromper os exercícios físicos durante algum tempo e, claro, engordei, e confesso que naquele momento fiquei muito desanimada para retomar as corridas.
Com muita força de vontade e do incentivo de muitos, fui aos poucos retornando à vida normal, vida essa que envolvia como não poderia deixar de ser, dieta, exercícios, academia, corrida e estudo.
Como a alegria de poder participar das provas era grande, o sentimento de conquista ao finalizar uma prova indescritível, a sensação inebriante de vitoria, ao cruzar a linha de chegada e receber a medalha, não tinha como eu não voltar a correr de verdade. E assim fiz.
E aí para coroar essa recuperação, resolvi correr a famosa Corrida de São Silvestre. A primeira coisa que me veio à cabeça foi procurar ajuda especializada, alguém que pudesse me preparar para aquele grande desafio. Afinal de contas, as estórias que contam sobre a corrida, os difíceis 15 km, as subidas e descidas, em especial os famosos e mortais 3 últimos km, o numero de corredores, o charme da corrida em si, me fizeram perceber que o meu desempenho e a garantia da conclusão da prova, condição básica para se comemorar o ano novo em grande estilo, não se daria com o amadorismo com que eu até então praticava meus treinos.
Comprovando que eu sou mesma uma pessoa predestinada, encontrei o Corra de Rosa e, com ela, a alegria e simpatia contagiante da Virginia e do André, que envolve, acolhem e motivam o tempo todo, sem largar mão um minuto sequer do mais agudo profissionalismo na preparação de seus alunos. A interação existente entre o grupo, que permite transformar treinos cansativos em momentos terapêuticos, onde a troca de informações e experiências é constante, faz toda a diferença entre uma simples aula e um aprendizado completo sobre nossa potencialidade e limites. A orientação, com metas, planilhas, treinos educativos, exercícios de fortalecimento etc., nos leva a uma melhor conscientização corporal, à prevenção de lesões, fazendo com que a corrida se torne um prazer e não uma obrigação. Posso afirmar que encontrar o Corra de Rosa foi a melhor coisa que me aconteceu, do ponto de vista esportivo, no ano de 2009.
E foi assim que, com o apoio e orientação dessa dupla maravilhosa, fomos para a São Silvestre meu marido e eu. Foi maravilhosa, uma experiência única, sem palavras, vencer esse desafio que eu tinha imposto para mim mesma. Aconselho a todos que ainda não a correram que vá. Vale à pena. Não preciso nem dizer que consegui terminar a corrida de forma tranqüila e no tempo que eu tinha programado. Foi uma forma de fechar um ano vitorioso em todos os sentidos para mim. Terminar a São Silvestre foi uma forma de dizer para mim mesmo que as batalhas que travei e ganhei pela minha saúde tinham ficado para trás.
A corrida é um momento de prazer, onde busco em primeiro lugar a saúde, o bem estar, o controle do peso, enfim uma vida mais saudável. Penso que devemos ser disciplinados, dedicados, mas sem deixar que os treinos e as provas comprometam nossa vida social e profissional, nosso relacionamento familiar e sem deixar que alguns episódios de desanimo, desmotivação, nos afastem dos treinos. Temos que buscar e encontrar o equilíbrio, que vem com o trabalho conjunto com os nossos treinadores, pois alem de criar um compromisso, nos ajuda a manter a freqüência nos treinos.
Obrigada pela companhia maravilhosa desse grupo, e pela presença motivadora, nem sempre tão leve é verdade, dos meus treinadores.
Muita paz, saúde e garra para continuarmos juntos nessa vida de atletas.
Um grande abraço
Marli