terça-feira, 7 de julho de 2009

Maria Marquis, eterna Corra de Rosa!

Nós do Corra de Rosa adoramos nossas ex-parasempre-alunas!
Todas são especiais! Tem a Ana Paula, a Val, a Mariane, entre outras de quem gostamos muito e que sempre estamos mantendo contato! Cada uma tem sua história de vida e como a corrida influenciou essa história. Sei que a vida de cada uma que já passou pelo Corra é "corrida", literalmente, com desafios a serem vencidos a cada dia, tornando necessário abrir mão dos treinos por determinados períodos. Mas o Corra estará sempre disponível para atender vcs, Gatas-Garotas!
Eu, que adoro um relato de experiência de vida, pedi à Maria, uma ex-parasempre-aluna, para contar um pouquinho de sua história para nós! E acho que ela é uma mulher evoluída não pelo fato de ter vencido um câncer (que com certeza acrescentou aprendizado à ela), mas por ela ser do jeito que é: espontânea, natural, corajosa e cheia de atitude!
Acho que toda história, todo problema, toda alegria, têm seu valor; não precisamos ser ricos para sermos especiais, ou de termos vencido uma doença, ou de termos vivido uma vida cheia de sacrifícios. Não sei ao certo se é destino, se é o "dedo" de alguém lá de cima, ou se somos só nós mesmos responsáveis pelo nosso caminho. O que importa é, talvez, dividirmos essas experiências, tomarmos conhecimento que existem pessoas diferentes de nós, nem melhores nem piores. E nos ajudarmos. Enxergarmos que às vezes nem tudo está tão ruim assim, ou então, que posso fazer algo para melhorar, buscar ajuda com alguém ou com algo que já fez a diferença para uma pessoa.
Então, Maria, vc estreou essa nossa troca de experiências de vida com sua história!
Muito obrigada!

Bj e boas corridas!
Virginia










Comecei a correr quando aposentei, bem perto dos 50 anos, incentivada por um amigo. A corrida pra mim foi paixão à primeira competição.

Como a maioria dos corredores, comecei a correr por minha conta e risco, e algumas lesões vieram fazer parte do meu currículo.

Corria pra me divertir e me sentir bem, até que em junho de 2007 tive que enfrentar um câncer de mama.

Ao receber o diagnostico, tive duas preocupações: se ficaria boa e se voltaria a correr.

Procurei na internet, literaturas diversas, médicos, amigos e todo tipo de informação possível sobre alguma uma corredora que tivesse enfrentado um câncer de mama e voltado a correr, não encontrei nada. Uma amiga encontrou uma corredora que estava enfrentando o mesmo que eu, mas ainda estava em tratamento, não sabíamos o resultado futuro.

Primeiro dilema: que tipo de reconstituição mamária a fazer: Utilizando o músculo grande dorsal ou a barriga. Queria muito ter informação de outra mulher que tivesse feito essa escolha e voltado a correr com o mínimo de prejuízo possível, mas não consegui. Optei por fazer a reconstituição utilizando o grande dorsal, pois o prognostico era mais animador para que eu voltasse a correr de novo.

Na noite anterior a minha primeira cirurgia corri 22 km, isso me deu forças para enfrentar 8 horas de centro cirúrgico, uma hemorragia, e uma volta de 3 horas ao centro cirúrgico

Quarenta dias depois da cirurgia começaram as sessões de quimioterapia, foram quatro e foi terrível, minha imunidade baixou muito e a esperança de voltar a correr me ajudou a lutar contra os enjôos, o mal estar e a olhar no espelho minha cabeça sem cabelo, meu rosto pálido, minha pele manchada, meu seio reconstituído parcialmente e cheio de cicatrizes.

A última sessão de quimioterapia coincidiu com a meia maratona do Rio de Janeiro que é minha corrida predileta, meus amigos foram correr e eu dizia pra mim mesma que no ano seguinte estaria correndo com eles essa corrida.

Em novembro enfrentei uma segunda cirurgia, a segunda parte da reconstituição da mama, foi tudo bem e em janeiro de 2008 comecei a fazer as primeiras caminhadas.

Em março de 2008 fiz minha corrida de volta á vida, a corrida mulher, fiz 5 km, gastei 35 minutos e cheguei entre suor e lágrimas. Meus amigos me esperavam na chegada com uma linda faixa me dando boas vindas e me aplaudindo gritando meu nome foi uma das maiores alegria e emoção da minha vida. Eu estava de volta, ainda sem cabelo, inchada e amarela, mas estava viva e pronta pra enfrentar a vida.

Comecei a treinar com a Virginia e a Jane, no grupo CORRA DE ROSAS, em agosto completei a Dez milhas da Garoto e em setembro fiz a tão desejada Meia Maratona do Rio de Janeiro, em 2 horas e 17 min.

Durante todo o percurso da meia do Rio eu pensava em quanto essa corrida havia me servido de motivação para enfrentar a difícil jornada da quimioterapia. Cheguei entre suor e lágrimas ao lado de minha amiga Simone, que fez todo o percurso comigo, como um anjo da guarda. Foi maravilhoso.

Em dezembro fiz a volta da Pampulha e fechei o ano estreando na São Silvestre.

Essa é minha historia. Um ano depois da última sessão de quimioterapia eu estava completando a meia maratona do Rio de Janeiro, e quero que algumas mulheres que passaram ou passarão por algo tão difícil como um câncer, não se deixem abater, a luta é o melhor remédio e a corrida uma forte aliada.

Maria Marquis Dornelas Batista

06/07/2009